Durante uma glaciação muito remota, quando parte do globo terrestre estava coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram, indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil.

Foi então, que uma grande vara de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais.

porcos-espinhos

Assim, cada um podia sentir o calor do corpo do outro e, juntos, bem unidos
agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando

por mais tempo aquele
inverno tenebroso.

Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram

a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão

de vida ou morte.

Afastaram-se feridos, magoados, sofridos.

Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus
semelhantes.

Doíam muito… Mas, essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados.

porco_espinho01

Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precaução, de tal forma que, unidos, cada qual conservou uma distância do
outro, mínima mas o suficiente para conviver sem ferir,

para sobreviver sem
magoar, sem causar danos recíprocos.

Assim suportaram-se, resistindo à longa era glacial. Sobreviveram.
É fácil trocar palavras, difícil é interpretar os silêncios.
É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar.
É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração.
É fácil apertar as mãos, difícil é reter o seu calor.
É fácil sentir o amor, difícil é conter a sua torrente.

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